O Canto das Tecelãs é mais que uma obra literária — é um gesto de escuta.
Nas páginas e imagens que evocam o cotidiano das operárias têxteis do interior paulista, Lauri Cericato reconstrói uma memória coletiva que por muito tempo permaneceu emudecida entre o ruído das máquinas e o esquecimento histórico. O livro acompanha um tear simbólico: entrelaçam passado e presente, voz e silêncio, corpo e trabalho.
A narrativa desloca o olhar tradicional sobre a industrialização e ilumina aquelas que sustentaram o ritmo das fábricas — mulheres anônimas, imigrantes ou filhas de lavradores, que transformaram o suor em tecido e o cansaço em dignidade. Aqui, o trabalho não é apenas produção: é linguagem, é política, é poesia. O que se tece não são apenas panos, mas formas de existência.
Cericato não idealiza a dor nem a romantiza; ele a historiciza. Com delicadeza e firmeza, revela as microformas de resistência — o bordado que vira manifesto, a marcha silenciosa, o olhar que não baixa. Essa abordagem aproxima a obra de tradições críticas como a de Ecléa Bosi, que via na memória das trabalhadoras um patrimônio imaterial, e também do pensamento de Michelle Perrot e Silvia Federici, que compreendem o trabalho feminino como território de luta e invisibilidade.
A força estética de O Canto das Tecelãs reside justamente no equilíbrio entre o documental e o poético. O texto e as imagens constroem uma tessitura sensorial: o som metálico das máquinas ecoa, o pó de algodão paira, a luz atravessa o ar saturado, e as mãos — firmes, calejadas — tornam-se metáfora de uma genealogia feminina que insiste em permanecer. O tear é também o corpo, o fio é também a voz.
Mais do que registrar um passado industrial, o livro convoca o leitor a refletir sobre o presente. As lutas por igualdade salarial, autonomia do corpo e reconhecimento seguem abertas, como fios soltos que pedem novas costuras. Nesse sentido, O Canto das Tecelãs não é um ponto final, mas um ponto tenso e esperançoso — o tipo de ponto que sustenta o tecido da história.
O Canto das Tecelãs é um ato de resistência poética. Reúne memória, corpo e trabalho sob o signo da dignidade, transformando o esquecido em palavra e o silêncio em canto.
Páginas: 192 Formato: 16.00 X 23.00 cm Peso: 0,200 kg
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